26 de dezembro de 2010

Reveillon ou Retorno Solar?

Aproxima-se o dia 31 de Dezembro e sente-se no ar a preparação para a grande Festa. Ouve-se quase toda a gente dizer "vou festejar, claro!". E vai mesmo festejar, com champanhe e uvas passas, 12 mais precisamente, uma para cada badalada do relógio e, muito mais importante, uma para cada resolução para o novo ano. Há quem vá mais longe, e escreva mesmo uma lista detalhada de tudo o que se propõe fazer no ano que vai começar. 

É assim em cada "reveillon", fazem-se preparativos: estreiam-se roupas caras, escolhe-se um local na moda, uma ementa sofisticada e praticam-se variadíssimas tradições ao soar da meia-noite, desde fazer muito barulho até saltar de cadeiras com dinheiro na mão.

Seria interessante poder contabilizar no dia 31 de Dezembro do ano seguinte, quantos concretizaram os desejos formulados ou, pelo menos, um dos itens da tal lista de intenções.

Mas porque falha a concretização dos desejos? Serão todos pessoas com pouca determinação?

O dia 1 de Janeiro marca o início do ano civil, mas não o início do novo ano na vida de cada pessoa, a não ser que essa pessoa tenha nascido nos primeiros dias de Janeiro.

O aniversário, ou seja, a data em que o Sol retorna exactamente ao mesmo signo e aos mesmos graus em que se encontrava no dia em que nascemos, traduz duma forma bem exacta qual a influência que os astros trazem à nossa vida, no novo ano que nesse dia, verdadeiramente inicia para cada um. Cada astro imprime as suas características de um dos elementos energéticos naturais: Água (emoções), Terra (estrutura), Ar (ideias) e Fogo (acção). Cada Casa do tema astrológico calculado para esse dia, indica uma área de vida. No aniversário do nascimento acontece, assim, o Retorno Solar e, aí sim, é o momento de escrever resoluções de Ano Novo, pois é possível saber, com precisão, quais as áreas da nossa vida que vão estar em evidência nesse ano. Aproveitando os bons ventos astrológicos, as intenções formuladas terão com certeza o rumo certo para esse ano, e a ajuda da energia que as influenciam.

O dia 31 de Dezembro no Hemisfério Norte acontece no Inverno, basta observar o mundo que nos rodeia para perceber que, nesta altura do ano, a Natureza se desacelera. Animais hibernam, a terra e os rios gelam e as pessoas passam mais tempo dentro de casa para evitar o frio. É tempo de fazer o balanço nas empresas e no comércio. 

Se aplicarmos à nossa vida esta energia invernal, aceitamos um convite para a introspecção, para nos virarmos para o interior de nós mesmos e fazermos o nosso balanço. Se há alguma lista a ser feita no dia 31 de Dezembro, creio que seria a de todas as coisas que já não nos servem mais, que nos devemos propor libertar na enxurrada do degelo que na Primavera se iniciará.

Luz, Paz e Harmonia

16 de dezembro de 2010

SABEDORIA VEDA

ESSÊNCIA DE SRI BHAGAVAD GITA


"Porque se preocupa desnecessariamente?
Quem é que você teme?
Quem é que você pode matar?
A alma não nasce nem morre. 
O que aconteceu foi para o melhor.
O que está a acontecer é para o melhor.
O que irá acontecer é para o melhor.
Não se ponha a matutar no passado.
Não se preocupe com o futuro.
O presente está aqui. 
O que é que perdeu que o faz chorar?
O que é que trouxe que tenha perdido?
O que construiu que tenha sido destruido? 
Você não trouxe nada. O que tem, arranjou aqui. 
O que lhe foi dado, foi dado aqui.
O que tirou, tirou do Universo.
Você veio de mãos vazias e irá de mãos vazias.
O que é seu hoje, foi de alguém no passado e será de mais alguém no futuro.
Você pensa que é seu e está agarrado a isso.
Isso chama-se Apego e é a causa de todo o seu sofrimento.

A Mudança é a lei da vida. 
Aquilo a que você chama de morte é de facto a Vida em si. 

Num momento você é milionário e a seguir é pobre.
Meu-teu; Pequeno-grande; Nosso-dele.
Retire isso da sua mente e tudo será seu e você será de todos." 


4 de dezembro de 2010

Escrever

Estava sentado à mesa do café sozinho, ia tomando notas no meu fiel companheiro, o bloco de apontamentos, de algumas ideias que me iam chegando. Quem sabe alguma poderia servir para o próximo post… ou não. De qualquer das formas, como tenho fraca memória, gosto de ir apontando episódios que me rasguem a mente porque se vieram algo devem ter de importante para mim:
De repente uma ideia luminosa, um tema bastante interessante ou se calhar um simples sobressalto do meu próprio Ego, atraiu toda a minha atenção, fazendo-me esquecer de todo onde estava.
Foi aí que chegaste, primeiro a medo, depois cada vez mais interessado por aquilo que eu escrevia. Apercebi-me da tua presença e sorri-te, levantei a cabeça e olhei à volta, procurava a pessoa responsável por ti, esperançado que te chamassem de volta, é falta de educação ver o que os outros estão a fazer. Vi os teus adultos mas sorriram e deixaram-te ficar.
Fiquei bastante chateado, estava a perder o fio ao meu raciocínio, à minha ideia luminosa.
“O que estás a fazer”, perguntaste curioso.
Pensei: vou responder rápido, que ele vai logo embora e regresso ao que estava a fazer.
“Estou a escrever umas coisas para não me esquecer”
Fixaste-me nos olhos ainda mais espantado
“ Porquê?
 - Porquê o quê?”, respondi meio torto.
 Abriste os olhos ainda maiores
”porque é que escreves para não te esqueceres? Quando é importante eu não me esqueço..”
Um zero para ti, tens toda a razão afinal se é importante porque o iria esquecer ou mesmo perder a linha de raciocínio?
“E fala do quê o que escreves? “
Achei um abuso, levantei novamente a cabeça, mas os teus adultos nem ligavam…Não queria ser rude e mandar-te dar uma volta mas também não via bem a lógica de falar contigo do que quer que fosse.
“ São coisas de adultos, pensamentos estás a ver?”
 -“Não” respondeste simplesmente:
” isso é o quê? Coisas feias?
-  Não! - Respondi sorrindo - não, que ideia… são coisas que falam de sentimentos, coisas de que os adultos gostam de falar.”
 Deixaste passar alguns segundos, parecia que pensavas na minha resposta, mas era a tua resposta que preparavas:
“Então escreves para não te esqueceres o que é os sentimentos?” Bem não havia volta a dar tinha de explicar, não ias mesmo embora por isso, se explicasse o que estava a escrever talvez não percebesses e ao cansares-te do que dizia, te fosses embora.
“Sabes às vezes os adultos gostam de escrever sobre esses assuntos de sentimentos e coisas assim.
 -Mas tu dissestes que era para não te esqueceres. E continuaste mas sentimentos não é aquilo de eu gostar de alguém?
- Ora é isso mesmo, sentimentos também é isso.
- Então para te lembrares tens de escrever?  Eu como gosto do meu avô vou lá e dou-lhe um beijo e digo lhe que gosto dele. Sabes. não me esqueço... tu precisas de escrever para não te esqueceres?”
O sorriso que acompanhava estas palavras deixou me tão pequeno face a tanta grandeza, que não me consegui impedir de te acariciar a face.
Sorriste mais uma vez e, como vieras foste, em direcção aos teus adultos. Deste um abraço ao senhor e, de lado, olhaste para mim como para apoiares as tuas palavras.
Percebi que de facto passamos tanto tempo a tentar explicar o que são sentimentos e tão pouco a vivê-los. Passamos tanto tempo a perceber porquê e tão pouco a aplicar como….
Um Abraço Luminoso para todos 

2 de dezembro de 2010

Manequim

Entrei de rompante numa oficina, não sabia ao certo o que ali estava a fazer ou mesmo porquê, mas ali estava..
Olhei à volta para me posicionar, para me enquadrar e perceber.. Vi montes de peças, pareciam partes de corpos humanos... "Devo estar numa fábrica de manequins" conclui. À minha frente via pessoas atarefadas a juntar braços com troncos e pernas e mãos e pés, enfim todo o conjunto. De um sinal de mão, Pediste- me para me aproximar e Convidastes-me a escolher.
No cimo da porta estava escrito " Montagem perfeita". Pensei ter percebido e fui juntando as peças. Um tronco perfeito, uns braços deslumbrantes, umas pernas de sonho, umas mãos de fada. De seguida, passamos à parte da face. Escolhi os olhos e a cor, o cabelo e a boca  enfim tudo. Olhei, admirei; estavas perfeito. Admirei a minha obra de arte... Acabara de construir a perfeição física! A perfeição do meu ser de sonho... A montagem continuou a andar e vi que entrava numa nova sala onde se instalaria a parte mental. " Que fixe" pensei eu," é desta que faço a companhia perfeita."
E lá fui eu juntando uma vontade de ferro, um entendimento perfeito, uma compreensão sem mácula, uma alegria contagiante, estava tudo lá ...Já me imaginava a pensar e tu a responderes perfeitamente nos parâmetros que eu desejava. Saberes antes mesmo de mim o que me faria feliz...Estava exultante de ver a minha montagem em acção...No entanto chegamos a uma secção que dizia Outras qualidades". Aí interroguei-me para quê? isso não serve de nada, já tens tudo o que eu quero, parecem mais defeitos do que qualidades...
Deixei que passasses essa área em branco, nada acrescentei estavas perfeito, não te iria sobrecarregar com algo que, aos meus olhos, não te faria falta...
No fim da linha de montagem estava uma varinha mágica que tocava nos manequins e lhes dava vida...
Pedistes me para me aproximar e quando deste vida à minha criação, ligaste-nos pelas mãos.
Senti me felicíssimo, estava com o que sempre quis; um ser fisicamente perfeito, que me ia entender e percebia antes mesmo de eu pensar, que saberia como resolver e ajudar-me a resolver os meus pensamentos, as minhas dúvidas, que saberia estar presente quando precisasse e saberia passar despercebido quando não fosse preciso... Foi nesse instante que um calafrio desfigurou a minha mente, o que acabara  de construir não era mais que um protótipo de mim, retirando-lhe somente alguns defeitos. Não construíra a pessoa perfeita mas sim aquilo que seria o robô dos meus desejos, algo que nunca me poderia completar mas sim que me iria segundar...
Sorristes, sentado na tua poltrona e abanastes a cabeça " pois é, não é a perfeição que procuramos nos outros, mas a complementariedade. Os defeitos são formatos para crescermos e aprendermos. É com eles que devemos coabitar. São esses defeitos que nos farão crescer e evoluir, serão eles que nos farão ultrapassar os patamares e as dificuldades da vida. Par nos apoiar, estamos cá nós. Os outros, todos os outros servem para nos auxiliar e para isso temos de aceitar os seus defeitos, mesmo que isso nos possa magoar..."
Sem me aperceber estava frente a uma última porta que dizia " Recalibragem" e desta vez não fostes tu que entrastes mas sim eu....
Um Abraço Luminoso para Todos